02 de julho de 2025
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Diagnóstico e tratamento da sífilis: o que todo profissional de saúde deve saber

Diagnóstico e tratamento da sífilis: o que todo profissional de saúde deve saber
Sífilis

A sífilis, doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum, continua sendo um desafio para a saúde pública no Brasil. Apesar de ser uma infecção conhecida há séculos, ainda é comum encontrar casos de diagnóstico tardio ou tratamento inadequado. Neste artigo, abordaremos os principais aspectos que todo profissional de saúde deve conhecer sobre o diagnóstico e tratamento correto da sífilis.

Importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce da sífilis é fundamental para evitar complicações graves e interromper a cadeia de transmissão. Médicos e outros profissionais de saúde devem estar atentos aos sinais e sintomas da doença, que podem variar de acordo com o estágio da infecção.

Estágios da sífilis e suas manifestações clínicas:

  • Sífilis primária: caracterizada pelo cancro duro, uma lesão ulcerada indolor no local de entrada da bactéria
  • Sífilis secundária: apresenta erupções cutâneas, febre, mal-estar e linfadenopatia generalizada
  • Sífilis latente: fase assintomática, dividida em recente (até um ano de infecção) e tardia (mais de um ano)
  • Sífilis terciária: pode afetar diversos órgãos, incluindo o sistema nervoso central e cardiovascular

Métodos de diagnóstico

O diagnóstico da sífilis é realizado através de testes sorológicos, que podem ser divididos em duas categorias:

1. Testes não treponêmicos:
• VDRL (Venereal Disease Research Laboratory)
• RPR (Rapid Plasma Reagin)

2. Testes treponêmicos:
• FTA-Abs (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption)
• TPHA (Treponema Pallidum Hemagglutination Assay)
• Testes rápidos

É importante ressaltar que o diagnóstico definitivo requer a combinação de um teste não treponêmico reagente com um teste treponêmico positivo.

Tratamento adequado

O tratamento da sífilis é realizado com penicilina benzatina, cuja dosagem e duração variam de acordo com o estágio da doença:

  • Sífilis recente (primária, secundária e latente recente): dose única de 2,4 milhões UI de penicilina benzatina
  • Sífilis tardia (latente tardia e terciária): três doses de 2,4 milhões UI de penicilina benzatina, com intervalo de uma semana entre as aplicações

Em casos de alergia à penicilina, alternativas como doxiciclina ou ceftriaxona podem ser consideradas, mas é importante lembrar que a eficácia dessas opções é inferior à da penicilina.

Acompanhamento e controle de cura

Após o tratamento, é fundamental realizar o acompanhamento do paciente para garantir a eficácia terapêutica. O controle de cura é feito através de testes não treponêmicos, que devem apresentar queda na titulação.

Critérios de cura:

  • Queda de pelo menos duas diluições nos títulos de VDRL ou RPR em 3-6 meses
  • Queda de pelo menos quatro diluições em 12 meses
  • Negativação dos testes não treponêmicos em casos de sífilis recente

Prevenção e educação em saúde

Além do diagnóstico e tratamento corretos, a prevenção da sífilis é essencial. Profissionais de saúde devem orientar seus pacientes sobre:

  • Uso consistente de preservativos
  • Testagem regular, especialmente para grupos de risco
  • Importância do tratamento dos parceiros sexuais

Desafios e perspectivas

Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento da sífilis, ainda existem desafios a serem superados, como:

  • Resistência bacteriana
  • Dificuldades no rastreamento de parceiros
  • Estigma associado às doenças sexualmente transmissíveis

A comunidade médica e científica continua trabalhando no desenvolvimento de novas estratégias de prevenção e tratamento, incluindo pesquisas para uma possível vacina contra a sífilis.

Conclusão

O correto diagnóstico e tratamento da sífilis são fundamentais para o controle dessa importante infecção sexualmente transmissível. Profissionais de saúde devem estar sempre atualizados sobre as melhores práticas no manejo da doença, contribuindo assim para a redução da incidência e das complicações associadas à sífilis.